segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Os príncipes e os Felipes...

Post por Silvia Soldi

Do Felipe? Eu me lembro de tudo: ele era moreno de pele marrom quase vermelha, tinha pinta na boca, olhos meio puxados e cabelo preto. E era fato: eu ia gostar a vida toda de meninos morenos com pinta na boca e cabelos pretos. Também era inteligente demais, educado demais, queridinho demais e tinha cara de mais velho do que os outros meninos de 09 anos, ou seja, era quase um príncipe. E até onde eu sabia tinha apenas um defeito: gostar da Daniele Quiqueto... Já eu, além de não ser morena, não ter pinta na boca nem olhos puxados, ainda carregava o mal de ser amiga da mesma Daniele. Um inferno a imagem dela que eu também nunca esqueci.
Eu falava com o Felipe, mais por insistência minha do que por vontade dele, isso é verdade, e me lembro tragicamente do único dia em que ele me notou... aquele dia fatídico em que usei meu 1º sutiã. Eu me lembrava de não querer colocar aquilo mas quando você é criança tem uma série de vexames a passar que são como uma espécie de purgatório até o seu crescimento. Me lembro das meninas e dos meninos me olhando e ainda posso ouvir a voz de Felipe me dizendo: “mas pra que sutiã se você não tem peitos?”.
E foi só muito tempo depois, que eu percebi que aquele príncipe não era tão encantado assim: descobri que às escondidas, o Felipe sempre colocava o dedo no nariz, e esse defeito, pra mim, era pior do que o de gostar da Daniele. Mas o “nosso” amor só acabou quando eu mudei de escola, deixando o velho Edgard Cavalheiro para trás. Me lembro do último dia na escola, em que me sentei na porta do pátio e chorei sozinha. Sabia que eu nunca mais voltaria ali e que talvez nunca mais visse o Felipe.
E ainda hoje, sabe-se lá porque, sempre que eu me lembro dele, eu fico um pouco triste. Talvez porque ele não fosse tão encantado, talvez por ele ter escolhido a Daniela. A única certeza que ficou é que depois desses primeiros anos de escola, nenhum menino nunca mais me disse que eu não tinha peitos. A década de 90 me trouxe o bojo e alguns outros Felipes... e eu os encantei...
Auto Retrato: Dreams

5 comentários:

  1. Tenho TRAUMA de Felipe's TODOS que conheci me trouxeram grandes dores de cabeça, sofrimento e decepções, depois disso, passei a fugir desse nome rsrsrsrs!

    Beijos

    O blog ta demais

    Patricia

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  2. O mais engraçado deste “fantástico mundo dos meninos” é que quando eles são meninos, são imaturos por natureza, ai ficamos na esperança que eles cresçam. Depois que viram homens, continuam com o espírito de meninos e as vezes fazem coisas que só meninos imaturos fariam... será que chega uma fase em que eles se tornam homens de verdade? Eu ainda não vi nenhum.... todos eles são meninos e imaturos em algum momento. Fazem as coisas sem pensar se estão magoando ou não a outra pessoa... e são estas coisas, como as que o “Felipe” fez com você, que nos fazem ficar traumatizadas pelo resto da vida. Pobres meninos imaturos...

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  3. Nossa, tb tenho um trauma de Felipe. Por dois motivos: Um porque as professoras na pré-escola me chamavam, por diversas vezes, de Felipe, pois me confundiam com o menino da minha sala (Imagina como eu era feminina neh ...rs; Outro é porque também um Felipe vivia me zuando só porque ainda não tinha peitos naquela idade, (como se ele já tivesse alguma coisa neh). Na verdade era a fase muleque nato, já que seutilizava dessa atimanha para se aproximar de mim. Nem vou comentar o apelido que ganhei, porque hoje sou literalmente outra mulher ..rsrs Hoje ele jamais pode olhar pra mim e me dar aquele bendito apelido.
    Ahhh VSA pra eles! rsrsrsrs

    Beijosss Sil. Adorei a história!

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  4. Olha, espero estar enganado, mas ainda acho que vai pintar um Felipe ai na parada e a diferença é que, agora, esse não vai ter do que reclamar. Você concorda?

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  5. Eu concordo Cata!!!! E vou gostar muitooooooooooooo

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